Durante o próximo mês, vou postar reflexões feitas (ou rascunhadas) em outros cantos da internet. Este texto foi originalmente postado em meu Facebook pessoal em 3 de junho de 2020, em luz das manifestações antifascistas nas universidades pelo Brasil.
O antifascismo é movimento que combate práticas nazi-fascistas a qualquer custo. É esse "a qualquer custo" justamente o que me torna cético de que o movimento não pode se tornar apenas uma resposta reacionária, pela inerente falta de criticidade a que ele remete.
Mas não seria o antifascismo uma consequência da intolerância? Não seria uma forma de combater fogo com fogo? Se esse é o caso, qual o limite da intolerância? É possível ser pró-tolerância (e portanto, tolerante) em relação ao intolerante? Como isso resolve (se é que é possível) o problema causado pela intolerância? Não vou fingir ter respostas à essas questões. Elas são inquietações de uma pessoa cética e bastante acostumada ao cinismo que impera na política do Brasil (em todos os lados do espectro político). Porém, acredito que a gente faz o que a gente pode com os recursos que a gente tem. Ser do contra é um movimento automático do ser humano, que dispensa senso crítico, reflexão e discernimento - falha típica do fanático (sim, eu vou equiparar ser fanático com ser reacionário), como aponta Amos Oz em "Como curar um fanático"
O remédio, como o escritor israelense descreve, é cultivar a imaginação (uma vez que exige esforço mental e criatividade), senso de humor (enquanto capacidade de rir de si mesmo, uma vez que sua falta fomenta ressentimento) e empatia (haja vista que não se colocar no lugar dos outros os desumaniza) para se ver livre do fanatismo. Sejamos antifascistas (ou anti qualquer coisa que vá de encontro à dignidade humana), mas o sejamos com cautela.
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